Que língua é essa? 5 dicas para aprender Espanhol

Aprender a língua local é um dos primeiros desafios que o imigrante encontra no seu país de destino. Acabou de chegar num país hispano falante? Pois pode soltar um suspiro aliviado: esse post é para você.

A professora espanhola Mari Paz separou umas dicas sensacionais, práticas e aplicáveis no dia a dia, que vão te ajudar muito no aprendizado do idioma castelhano.

Pega papel e caneta ou se prepare para os prints! Vamos lá?

1. Mude o idioma de equipamentos e aplicativos para o Espanhol

Essa é uma forma muito eficiente de inserir o novo idioma no seu dia a dia, além de aprender palavras e expressões úteis. O celular e o computador são ótimos para isso, pois você já sabe onde estão as coisas e não vai se confundir. O mesmo vale para o GPS, que pode ser usado mesmo em caminhos que já conhece, assim não vai se perder e ainda aprenderá vocabulário relacionado a receber e dar direções, por exemplo.

2. Escreva a lista de compras em Espanhol

Não precisa nem dizer o quanto essa dica é útil para aprender um vasto vocabulário sobre alimentos, itens de limpeza e tudo o mais que se pode encontrar num supermercado, né? É uma oportunidade não só de aprender e buscar palavras novas, mas também de praticar a escrita.

Imagem: Tolu Bamwo por Nappy.

3. Dedique um tempinho do seu dia para pensar em Espanhol

Essa dica demanda algum nível mínimo do idioma, claro, mas você pode fazer isso com as palavras que conhece. A ideia é: todos os dias, nem que seja por cinco minutos, pare um pouquinho para pensar em Espanhol. Pense, por exemplo, no que você fez naquele dia ou quais são seus planos para o fim de semana. O tema é livre e essa prática ajuda muito (e sem medo de errar). Ah! Se sentir falta de alguma palavra para completar o raciocínio, essa é a deixa para pesquisar e aprender ainda mais.

Pode ser até enquanto toma um sorvete. Boa ideia, hein? | Imagem: Tolu Bamwo por Nappy.

4. Invista tempo em ler e assistir séries, filmes e televisão em Espanhol

Parece óbvio, mas a verdade é que muita gente não dá o devido valor a essa dica. Lendo em espanhol, é possível aprender novas palavras e também se familiarizar com a sua grafia. Ler e escrever são duas habilidades totalmente conectadas.

Já os filmes, séries e programas de TV vão te ajudar muito na compreensão do idioma em sua forma oral. Colocar legendas em espanhol também pode ajudar a identificar aquela palavra que você não entendeu bem ou ainda aprender como se escreve. Anote as palavras e expressões desconhecidas para depois pesquisar o seu significado.

Imagem: Michal Jarmoluk por Pixabay.

5. Evite decorar listas extensas de palavras soltas

Um idioma não é puramente um monte de palavras, é preciso conhecer a forma de usá-las. Uma boa dica para aprender vocabulário é colocar as palavras dentro de um contexto. Pense nelas numa frase ou pequeno diálogo, assim fica muito mais fácil não só aprender a palavra (por conseguir chegar nela através de associações de ideias), mas também saber como e quando utilizá-la.

Esperamos que essas dicas sejam úteis no seu aprendizado. Se você tem mais alguma dica infalível para ajudar no aprendizado do castelhano, compartilha aqui com a gente nos comentários, ok? Até a próxima!

*Por Lali Souza

Imagem de Destaque: Cindy Parks por Pixabay.

Você fala Deutschguês?

Depois do meu Termin fui tomar um sol no Balcão. Aí peguei meu Handy e liguei para uma amiga.

Que frase é essa, Continuidade? Enlouqueceram, foi?

Imagem: what? By Nebraska Department of Education @Pixabay

Calma, gente! Essa frase é um exemplo de Deutschuguês, uma mistura entre alemão e português, muito falada pela brasileirada na Alemanha. Traduzindo isso aí para o português padrão, ficaria assim:

Depois de meu compromisso, fui tomar um sol na varanda. Peguei meu celular e liguei para uma amiga.

O Deutschguês, não é a única “língua” híbrida que existe no mundo bilíngue. Tem gente que fala portunhol, deutschnhol, danglish, spanglish e por aí vai. Quando falamos dois ou mais idiomas fluentemente, as chances são grandes de que, em algum momento, eles acabem se misturando em uma frase ou outra. Isso é um fenômeno natural do bilinguismo chamado code-switching. Nós falamos um pouco sobre isso no episódio 14 da primeira temporada.

De forma bastante resumida, o code-switching é uma solução rápida que nosso cérebro encontra quando estamos falando com pessoas que compartilham os mesmos códigos (idiomas) que a gente. Ou seja, se eu sei que a pessoa com quem eu estou falando entende tanto o português quanto o alemão, o meu cérebro se sente à vontade para buscar vocabulário e estruturas dessas duas línguas para nos comunicarmos. É um fenômeno do bilinguismo que não significa ter menor fluência numa determinada língua.

Imagem: Brain by @elisa_riva  @ Pixabay

É muito interessante notar que crianças bilíngues não fazem code-switching quando falam com pessoas que elas sabem que não dominam os dois códigos. No entanto, se você convive com crianças em fase de desenvolvimento da linguagem (até os 4 anos de idade), vale a pena prestar atenção à forma como você se comunica com elas, já que essas crianças vão desenvolver suas habilidades linguísticas através dos exemplos gerados pela interação entre vocês.

É importante que observar também como sua linguagem se adequa às diversas situações que você vivencia. Por exemplo, é tranquilo deixar sua fala rolar como ela bem quiser quando você estiver no churrasco com seus amigos e amigas, mas é uma boa ideia prestar atenção para não ficar misturando as línguas quando estiver numa entrevista de emprego ou quando falar com algum professor na faculdade.

That’s all! Se quiser falar mais com a gente sobre isso, manda uma mensagem aqui nos comentários. Tchüss!

*Por Cris Oliveira

Aprendendo Alemão

Aprendendo Alemão

Se você resolveu aprender alemão, a primeira coisa que deveria fazer é se perguntar se quer realmente passar por esse tipo de sofrimento. Depois de um breve período de reflexão, se insistir que quer fazer isso mesmo, vamos lá. Só não diga que a gente não avisou!

Alemão é um idioma que, por sua estrutura, pode acabar gerando umas certas dificuldades para o falante do português. Mas, com dedicação e empenho, você pode aprender muito bem a língua de Goethe. Algumas dicas práticas, e que servem para aprender qualquer idioma, podem te ajudar nessa tarefa

  • Der, die, das

No alemão, existem três gêneros gramaticais: o masculino (der), o feminino (die) e o neutro (das). Uma boa dica é aprender os substantivos sempre acompanhados desses artigos. Por exemplo, digamos que você aprendeu uma palavra nova: “mesa”. Ao invés de anotar a palavra isolada, anote “der Tisch”, ou seja, “a mesa” (traduzindo literalmente, “o mesa”).

Essa é a questão: os gêneros gramatícais não são iguais em todas as línguas e, no caso do alemão, é importante saber que gênero a palavra tem, porque outros elementos gramaticais que você vai aprender depois, como a flexão dos adjetivos e quais pronomes ou artigos usar em cada caso, variam também de acordo com isso.

  • Frases prontas

Anote e pratique algumas frases prontas que você escutar por aí. Quando aprendemos frases que se repetem no cotidiano, principalmente na fase inicial do aprendizado do idioma, a gente não só aumenta nosso vocabulário como nossa fluência. Ter frases prontas para as quais recorrer, evita aquela gagejada, longas pausas e hesitações das quais os iniciantes sempre se queixam.

  • Organização

Outra forma interessante de organizar seu material de estudo é fazendo listas temáticas com as novas expressões que você vai aprendendo. Dá pra fazer lista de frutas, verduras, bebidas, coisas que você precisa dizer quando vai ao supermercado, etc.

Se você combinar a dica número dois com essa aqui, em pouco tempo vai perceber que seu vocabulário vai aumentar bastante. Crie um sistema para anotar novas palavras e estruturas. Muitos livros didáticos de alemão recomendam anotar os substantivos em cores diferentes, de acordo com o gênero. Você também pode usar esse sistema para marcar os casos em uma frase. Assim, os gêneros e casos diferentes ficam logo em destaque ao olhar para suas anotações.

  • Foco

Existem muitos podcasts, sites, livros, aplicativos e canais no Youtube que podem te ajudar com dicas gramaticais. Mas cuidado! Muitas vezes, a gente se perde no meio de tantas opções e acaba não avançando no nosso aprendizado. Vale mais a pena escolher um ou dois meios pelos quais você aprende bem (um site, um canal, um livro, um aplicativo), se concentrar nisso e tentar manter uma certa constância. Um site muito legal é o da Deutsche Welle. Lá, você encontra uma série de impulsos que podem te acompanhar em seu aprendizado, como por exemplo, filmes, explicações gramaticais, exercícios, notícias e muito mais.

Clica aqui pra conhecer o Deutsche Welle!

  • Diário de conquistas

Muitos de meus alunos, e eu também, passamos a escrever diários de nossa conquistas em alemão, com o objetivo de praticar o idioma. Qualquer caderninho serve e não precisa de textos longos. O importante é que você crie o hábito de escrever, pelo menos uma frase por dia, sobre alguma coisa nova que você aprendeu ou um progresso em seu processo de aprendizagem. No início, eu escrevia coisas como: “Heute konnte ich die Fahrkarte für den Bus selbst kaufen”(“hoje eu consegui comprar uma passagem de ônibus sem ajuda!”).

Com o passar do tempo, comecei a escrever parágrafos. Depois, os tamanhos dos parágrafos foram aumentando. Essa prática, além de te colocar em permanente contato com o idioma, de oferecer uma forma direta de se confrontar com suas dúvidas sobre a gramática e vocabulário, ainda vai te ajudar a perceber seu progresso com clareza. É também uma forma de apreciar suas conquistas durante o aprendizado.

E ai? Está mais motivado(a) para aprender alemão? Dann los geht’s!

*Por Cris Oliveira

Imagens: Pixabay

Muito além de A a Z

Quando resolvi encarar o desafio de ensinar alemão como segunda língua, mal sabia que a aventura estava apenas começando. Pouquíssimo tempo depois de ter assumido minha primeira turma de jovens refugiados, as conversas com outros professores e professoras sinalizavam uma necessidade específica surgindo nas escolas de ensino médio aqui em Bremen. Estou falando de Bremen porque esta é a minha realidade, mas é bem capaz que tenha sido assim na Alemanha inteira. De repente, o perfil dos alunos das classes de alemão como segunda língua começou a mudar: de altamente escolarizado para analfabeto .

Na minha primeira turma de Vorkurs, (como são chamadas as primeiras classes frequentadas pelos adolescentes refugiados em Bremen) tive alunos cheios de ambições. Seus pais eram médicos, advogados e empresários na Síria e muitos deles sonhavam em seguir os passos dos pais. Eles e elas se interessavam pelo que precisariam fazer para ter esse tipo de formação e tinham consciência da necessidade de aprender muito bem a língua para isso.

Além disso, essa galera se interessava por normas e valores da cultura que os acolhia, e, por isso, me faziam virar noites preparando aulas que satisfizessem a sede de aprendizado. Por aquela turminha, quebrei minha cabeça diversas vezes para preparar aulas compreensíveis a todos, de acordo com as competências linguísticas de cada pessoa. Era desafiador e muito divertido!

Foram diversas aulas nas quais, além de aprender gramática e vocabulário, discutíamos tolerância religiosa, diferentes formas de governo, falávamos sobre racismo e outros temas cabeludos. Não precisou de muito tempo com aquela turma para notar que, em sua grande maioria, a galerinha sabia bem como as escolas funcionam e suas famílias eram presentes e valorizavam a formação acadêmica.

Com o passar do tempo, o alunado começou a mudar. De repente, na minha classe, a maioria mal sabia assinar o próprio nome. Eram jovens de 13, 14 anos que nunca tínham vivenciado um momento sequer de paz em seus países de origem. Famílias que precisaram juntar tudo e fugir, porque o vilarejo foi bombardeado e não há como priorizar a escolaridade de suas crianças.

Buscando ensinar de forma alinhada às necessidades de meus alunos e alunas, acabei enveredando pelo terreno da alfabetização de jovens. Hoje, coordeno um centro de alfabetização para jovens refugiados.

Na nossa escola, primeiro se ensina a ler, escrever e entender como as demais instituições de ensino funcionam, bem como os possíveis caminhos a serem seguidos na trajetória escolar. Vencida esta etapa, eles e elas ainda têm dois anos de ensino de língua, sendo que, no segundo ano, na maioria dos casos, esses jovens já participam das aulas das demais matérias no turno da tarde. Até concluirem a escola, a galera enfrenta muitas incompreensões, sejam linguísticas ou culturais, inúmeros obstáculos e muito, mas muito preconceito e segregação.

Com tudo isso, passados dois anos que a minha primeira turma de alfabetização tinha terminado, recebi uma mensagem de um ex-aluno pelo WhatsApp. Em sua mensagem, escrita em um alemão muito bom, ele me contava que tinha conseguido passar em uma prova de História e outra de Matemática, feitas em sua turma regular na escola de ensino médio. Ele ainda me agradecia por sua conquista e dizia que estava adorando estudar, aprender e que já começava a considerar a possibilidade de fazer um curso profissionalizante para se tornar assistente de classe em uma escola de ensino fundamental. A mensagem terminava com ele me perguntando se eu achava que ele teria chance de conseguir levar esse plano adiante.

Respondi, primeiramente, celebrando sua conquista, mas logo tive que me confrontar com sua pergunta: será que ele tem chance de conseguir sua qualificação profissional?

Teria, se a escola e a sociedade conseguissem enxergá-lo além de sua origem. Se seus professores e professoras conseguissem entender o seu analfabetismo prévio e o analfabetismo de sua família objetivamente, ou seja, tão apenas como fatos ocorridos em decorrência da tragédia que se abateu em seu país de origem, ao invés de como falha de caráter ou impeditivos para seu futuro. Seria possível, se a sociedade pudesse resistir ao impulso de, constantemente, encaixá-lo em estereótipos múltiplos.Teria muita chance, se encontrasse pessoas dentro das instituições que, mesmo enxergando suas limitações, preferissem se concentrar em seus potenciais, de forma a motivá-lo.

Pensei em tudo isso, mas só respondi: “claro que você consegue. Me avise se eu puder ajudar de alguma forma”.

Este texto foi originalmente postado no blog A Saltimbanca, em 1 de setembro de 2019.

Lost in Translation

O idioma alemão tem umas palavras enormes. Algumas delas justificam o tamanho porque significam uma infinidade de coisas diferentes, ao passo que outras decepcionam depois que você descobre o que querem dizer. Por exemplo, você lê a palavra “Streichholzschachtel” em algum lugar e pensa imediatamente que aí vem bomba. Prende a respiração em expectativa antes de ler sua definição no dicionário. Uma palavra dessas só pode ter um teor altamente filosófico. Chega a ser ridículo quando a pessoa acaba descobrindo que esse barulho todo era só por causa de uma “caixa de fósforo”.

A língua alemã parece ter uma palavra específica para cada coisa do universo. É como se dar nome às coisas fosse uma questão de honra. Os substantivos são tão importantes que estão sempre se exibindo em maiúsculas ao longo dos textos. Por mais insignificante que algo possa parecer, por mais estranho que seja o sentimento, por mais imprecisa que seja a cor, o alemão dá um jeito de nomear.

Foi assim que me deparei com a diferença entre “pink” e “rosa” e com o incompreensível sentimento de “Fernweh” que hoje em dia eu entendo como sendo uma vontade imensa de sair por aí conhecendo outras culturas, outras pessoas, outros mundos. É quando você não aguenta mais o seu dia a dia e precisa viajar pra muito longe, deixar tudo pra trás, nem que seja por alguns meses ou mesmo por poucos dias. “Fernweh” é uma saudade ao contrário que, pelo visto, eu sempre tive, mas precisei chegar aqui pra saber exatamente como explicar.

Você, assim como a gente, teve de aprender outras línguas? Por quais palavras das suas línguas estrangeiras você já se encantou?

Foto: Sarah Lötscher (via Pixabay)