Asa Branca, de Luiz Gonzaga, é uma canção que retrata uma realidade difícil, em que o eu lírico não vê outra solução que não deixar sua terra e sua gente e partir em busca de uma vida melhor em outro lugar. É um exemplo de um tipo de migração muito comum no Brasil: o êxodo rural.
A música toca pela sinceridade e simplicidade, além de descrever uma situação de grande sofrimento. Num contexto de pobreza e seca, a constatação de que migrar é única solução possível para a sobrevivência.
Que braseiro, que fornaia
Nem um pé de plantação
Por falta d’água perdi meu gado
Morreu de sede meu alazão
O luto está presente em todas as estrofes da canção, seja na tristeza ao se deparar com a realidade, seja dor de deixar para trás sua terra, sua gente e até mesmo um amor.
Inté mesmo a asa branca
Bateu asas do sertão
Entonce eu disse, adeus Rosinha
Guarda contigo meu coração
Assim como muitos migrantes que deixam seu local de origem não por vontade, mas por necessidade, o desejo de voltar pra casa se faz presente na canção. O retorno é amparado na esperança de dias melhores.
Quando o verde dos teus olhos
Se espalhar na plantação
Eu te asseguro não chore não, viu
Que eu voltarei, viu
Meu coração
Luiz Gonzaga viveu o êxodo rural, quando saiu de sua terra natal, a cidade de Exu, no sertão pernambucano. Luiz viveu em Fortaleza, no Ceará, e, depois, no Rio de Janeiro. Gonzagão, como também era chamado, ficou conhecido como o Rei do Baião e levava a cultura sertaneja nas roupas, na música e na sua história.
A música Asa Branca foi um dos primeiros sucessos do artista, lançada em 1947. Até hoje é considerada um dos grandes clássicos da música brasileira.
*Por Lali Souza