História de Migração: Stela Zaleski

Olá, eu sou a Stela, tenho 35 anos e nasci em um dos lugares mais lindos do mundo: Maceió, Alagoas, Brasil.

Aos 17 anos vim morar na Alemanha, que era meu sonho desde quando estive aqui pela primeira vez, com 7 aninhos. Com 12 anos, vim mais uma vez visitar o país que se tornaria um dia meu lar. Minha mãe já tinha vindo quase 2 anos antes de mim para morar. Quando ela veio, eu fiquei no Brasil pra concluir a escola e vir logo depois.

Chegando aqui tive duas experiências que me marcaram muito. Primeiro, que apesar da minha mãe viver e estar casada na Alemanha, eu não tive direito a um visto permanente. Durante um ano, ia a cada três meses buscar um visto de turista, sempre com medo de não receber e ser mandada de volta. Não queria ficar mais longe da minha mãe. Outra coisa que também foi muito difícil foi não ter amigos e não me sentir pertencente a um grupo.

Bom, tudo isso passou. Consegui, então, um visto de um ano, fiz estágios em dois lugares. No meu primeiro estágio, percebi bem rápido que não era minha praia. Já no segundo, logo vi que adorava trabalhar com gente. Isso é mais a minha cara. E assim foi. Fiz um ano de estágio e fui contratada pra fazer um “Ausbildung” (curso profissionalizante) que tinha duração de três anos. Com isso, consegui mais três anos de visto e eu sabia também que, se depois eu fosse contratada, tendo um emprego fixo, poderia ficar.

A minha primeira amiga aqui na Alemanha foi e é minha irmã e comadre também, Cris Oliveira. Fizemos amizade muito rápido no curso de alemão, mas lá ainda não sabíamos que nos tornaríamos irmãs 😘. Nossa história é um caso à parte. Fazer amigos aqui na Alemanha não foi nada fácil e se sentir pertencente a um grupo, diria que “danou-se”.

Depois de doze anos vivendo aqui, frequentando festas que minha comadre sempre me levava, e onde normalmente também estavam as mesmas pessoas, ainda assim não conseguia fazer conexões para além das festas, apesar de me dar bem com todo mundo. Pelo menos era o que sentia. Até que um dia abri meu e-mail e vi um convite pessoal de um deles me chamando para ir a uma festa na sua casa (onde provavelmente eu iria sem convite mesmo, levada por minha comadre🤣🤣🤣).

Como já falei, eu provavelmente iria de qualquer jeito, mas ter sido convidada daquela forma me deu uma sensação de ser pertencente a um grupo. Não sei explicar exatamente porque, mas essa experiência particularmente me marcou bastante.

Toda minha história aqui, na verdade, me enche de orgulho. Cheguei, tive alguns probleminhas com meu visto e o fato de não ter meus amigos por perto. Na época também não existia WhatsApp, Skype e etc. Isso teria facilitado bastante a minha vida. Conheci meu namorado assim que cheguei na Alemanha. Com ele, casei, tive três filhos, construímos uma casa e durante quatorze anos fomos um casal.

Durante todo esse tempo, eu fui e fiz diversas coisas aqui. Em 2016, passei a trabalhar como autônoma. Foi bom enquanto durou e ano passado resolvi, a princípio, parar com um pequeno salão de estética no qual eu atendia. Em 2017 um novo capítulo se iniciou na minha vida. Me separei, e agora dou outros rumos à minha vida.

Só posso dizer que fui e sou muito feliz aqui. Continuo morando com meus 3 pequenos homens na casa em que construí com o pai deles e isso facilita minha vida em vários aspectos. O que mais me alegra é ter a certeza de que, mesmo vivendo num país que não é o meu de origem, hoje sei que existiu e existem pessoas deste país que sempre me ajudaram a construir minha história aqui. E eu sou muito grata a cada uma delas.😉

No momento, imagino várias coisas para meu futuro, porém nada ainda muito concreto. Tenho vontade de voltar a estudar, mas no momento isso ainda não tem como se tornar uma prioridade.

Se meu filhos resolvessem migrar um dia, eu acho que eu diria a eles pra terem paciência e a correrem atrás daquilo que querem conquistar ao mesmo tempo. Que dominar o idioma do lugar escolhido é quase que um grito de independência e que eles não devem se concentrar em um único caminho, pois, como sabemos, vários caminhos nos levam a Roma. Diria que também respeitem os valores do lugar escolhido para migrar.

A primeira coisa que eu faço quando volto de férias a meu país de origem é comer, comer e comer. 😂 Isso, além de visitar lugares que me trazem algumas boas recordações, com pessoas que fazem parte da história. 😉 Apesar de ser dificil de eleger o que há de melhor para fazer em Maceió, uma coisa é certa: vai ter praia no roteiro. Tem muitos lugares lindos como as dunas de Marapé, a praia de Paripoeira, as piscinas naturais da Pajuçara, a praia do Francês, a Barra de São Miguel, a Praia do Gunga, São Miguel dos Milagres, Maragogi, a Foz do Rio São Francisco e os Cânions do Rio São Francisco. Esses lugares são lindos demais, e tem praias pra todo gosto. Sem falar nas comidas, que são de comer rezando. 😂

Se eu pudesse voltar no tempo para o dia em que resolvi migrar pela primeira vez, os conselhos que eu diria para mim mesma seriam: aprenda a língua do lugar o mais rápido que você puder, não se desespere, tenha paciência, vá com calma, mas vá em frente. Mas também pare, respire fundo e deixe fluir aquilo que não está sob o seu controle.

Daqui a dez anos eu quero estar falando inglês fluentemente, para poder me comunicar por onde eu passar. Pretendo passear por muito lugares do mundo, mas sempre voltar pra casa, a Alemanha. 😉 Eu acho que ter vivido no Brasil e depois ter vindo pra cá foi uma das melhores experiências que eu poderia ter. Construí uma base sólida e aprendi muitas coisas com essas duas culturas.

Eu sou Stela Zaleski e essa é a minha história de migração. Qual é a sua?

*Por Stela Zaleski

Histórias de Migração: Clarisse Och

Irmã mais nova de uma família de 3 irmãos, nasci em João Pessoa, na Paraíba. A minha história de migração começou desde muito cedo e sempre fez parte da minha vida.

Aos 4 anos de idade, fui morar no Canadá. O meu pai, professor universitário, fez doutorado na área de Engenheira Biomédica numa província de difícil pronuncia: Saskatchewan. Apesar de muito nova, ainda consigo lembrar que, quando chegamos em casa depois de uma longa viagem, eu pedi para ligar a TV e colocar nos Trapalhões.

Foram quase 5 anos morando no Canadá. Na adolescência, eu sentia uma vontade enorme – até hoje, para mim, inexplicável – de morar fora novamente. Vivia insistindo para meus pais bancarem um intercâmbio, mas não rolava. Até que comecei a vida universitária e encontrei um leque de opções de intercâmbios. Munida de argumentos, conversei com meus pais, que autorizaram (e financiaram) a minha ida para Bremen, na Alemanha, para fazer um curso superior de Global Management durante um ano. Este ano foi muito intenso, conheci pessoas incríveis que fazem parte da minha vida até hoje.

Voltei ao Brasil, terminei o meu curso de Administração, comecei a trabalhar e quem disse que aquela vontade de morar fora tinha passado? Muito pelo contrário, piorou! A oportunidade apareceu: fui selecionada para uma bolsa de estudos na mesma universidade que tinha feito o intercâmbio em Global Management, mas, agora, para fazer um mestrado.

O tempo do mestrado também foi vivido com muita intensidade. E foi nessa época que conheci a Cris e a Flora. Tudo ia muito bem, concluí o mestrado e estava fazendo um estágio em Marketing. Com quase 3 anos morando na Alemanha, muito feliz com as minhas conquistas, eu conheci quem seria o meu futuro marido. E sabe o que ele me pediu? Não, não foi em casamento. Pediu para morar no Brasil! Era tudo o que eu NÃO queria, mas avaliei que, se estávamos querendo construir uma vida juntos, seria bom para o relacionamento se ele aprendesse a minha língua e a minha cultura.

Estava bem claro para todas as partes que a nossa ida ao Brasil seria temporária e lá vivemos por 8 anos. Ele se integrou bem, tínhamos estabilidade e nasceram ali os nossos 2 filhos. Mas eu ainda queria morar fora do Brasil, esse sentimento nunca tinha me largado. Colocamos todos os prós e contras no papel e decidimos que seria mesmo tempo de voltar para a Alemanha.

Há 5 anos voltamos à Bremen, a cidade onde nos conhecemos e onde temos amigos. A chegada foi tranquila, aos pouco as coisas foram se moldando e se estabilizando.

Atualmente, trabalho como Sales Manager com foco principal no mercado Brasileiro. Além disso, dedico uma parte do meu tempo com muito amor e carinho como colaboradora do Continuidade Podcast, este projeto maravilhoso de autoria de minhas amigas Cris e Flora. A minha responsabilidade é tratar de assuntos comerciais, assim como a criação dos posts para as redes sociais. Eu fico ansiosa para ouvir os novos episódios e adoro quando eles estão cheios de reflexões.

Eu me sinto muito em casa na Alemanha, apesar da saudade que sinto dos familiares, dos amigos e, especialmente, das festividades no Brasil, como a virada de ano na praia, o Carnaval e o São João.

Eu sou Clarisse Och e essa é a minha história de migração. Qual é a sua?