Continuidade Indica: Um Brasileiro em Berlim

Em 1990, o escritor baiano João Ubaldo Ribeiro foi convidado por um programa de intercâmbio de artistas do DAAD (Deutscher Akademischer Austauschdienst; em português, Serviço Alemão de Intercâmbio Acadêmico) para passar uma temporada de aproximadamente um ano na capital alemã. Nesse período, ele assinava uma coluna no jornal Frankfurter Rundschau, que, posteriormente, se tornaria seu livro de crônicas “Um Brasileiro em Berlim”.

Em “Um Brasileiro em Berlim”, João Ubaldo consegue, de forma muito leve e divertida, expressar todo o estranhamento que sente enquanto brasileiro numa uma cultura – em muitos sentidos – tão diferente da sua. Nesse período, a Alemanha também estava passando por mudanças sociais muito profundas decorrentes da recente queda do muro de Berlim e da reestruturação dos países do leste europeu. Ubaldo Ribeiro retrata bem não só a sua experiência de estrangeiro tentando encontrar o seu lugar naquela nova cultura, como também faz uma interessante análise da sociedade alemã. Seu olhar curioso, cheio do humor e ironia típicos de sua escrita, faz de “Um Brasileiro em Berlim” um livrinho super leve e agradável. Você vai ler em uma sentada e ter vários momentos de risos e reflexão.

Boa leitura!

*Por Cris Oliveira

Continuidade Indica: Viagem aos Seios de Duília

Hoje, queremos indicar uma leitura leve e cheia de poesia. Viagem aos Seios de Duília é um conto de Aníbal Machado, de 1944, e conta a história de José Maria, um funcionário público aposentado que embarca em uma viagem em busca de um passado idealizado. O sentimento de desconexão com o presente e a projeção desse ideal de felicidade no passado é traduzido de forma surpreendentemente poética no conto.

Esse sentimento, captado de forma muito precisa no conto, nos remete às fases da migração sobre as quais tanto falamos nos episódios iniciais do nosso podcast (episódios 05, 08, 10 e 11 da primeira temporada). Quando imigramos, algumas vezes por falta de informação, outras por causa de um otimismo extremo e pouco crítico, acabamos idealizando demais o país de destino. Quando finalmente começamos a nos dar conta da realidade, ela pode vir acompanhada de muito sofrimento.

Mas esse não é o único momento da migração no qual idealizamos nossa vida, cidade ou país. Muitas pessoas, ao se verem confrontadas com as dificuldades da nova vida longe de sua cidade natal ou país de origem, também podem acabar idealizando o passado. De repente, esquecemos as dificuldades, os problemas e os motivos pelos quais decidimos migrar e passamos a nos lembrar de nosso passado de forma romantizada.

Viagem aos Seios de Duília retrata essa romantização do passado de forma primorosa e vai te emocionar.

Boa leitura!

*Por Cris Oliveira