Migrar exige muita cautela, preparação e vai além dos aspectos apenas burocráticos. Cuidar de nossos documentos e das questões legais para viabilizar essa empreitada é apenas uma parte de algo bem maior. É muito importante, também, cuidar de nosso emocional. Muito desse cuidado vem de aprender a equilibrar a nossa expectativa e a realidade que estamos prestes a encontrar.
No segundo episódio do nosso podcast (Esperanças e Expectativas no Processo Migratório) falamos de como, na primeira fase da migração, as expectativas altas podem levar a grandes decepções. Quanto mais idealizamos a vida no novo país, mais difícil fica aceitar a realidade quando, finalmente, conseguimos percebê-la. O autocuidado, sob a forma de reflexão constante e atenção com nós mesmas(os), pode nos ajudar a mantermos a conexão com a realidade.
De forma semelhante, devemos atentar para certas comparações que fazemos. No processo de migração, a busca por informação é fundamental, mas nos compararmos com outras pessoas pode também atrapalhar. Sabe aquela sua conhecida que aprendeu a falar o idioma local rapidinho e já arrumou um emprego? Aquele seu conterrâneo que conseguiu tirar a cidadania em tempo recorde? Ficar se atormentando e procurando as razões pelas quais você ainda não conseguiu chegar ao mesmo patamar não vai ajudar em nada o seu processo.
Na migração, as pessoas podem até passar por processos psíquicos semelhantes (o estranhamento, as decepções, a euforia, a saudade, entre tantos outros), mas não podemos esquecer que, ainda assim, temos histórias de vida próprias e nossas trajetórias na imigração também são influenciadas por nossas individualidades.
Uma sugestão: se você está pensando em emigrar, ou já está morando fora, evite comparar sua trajetória com a de outras pessoas e qualificar suas conquistas de acordo com os marcos da vida dos outros. Ao invés disso, procure se informar bastante, focando sua atenção nos aspectos práticos que, de fato, são relevantes para você (por exemplo, saber como deve ser um currículo de profissional da sua área, onde há cursos de idiomas, etc).
Paralelo a isso, crie o hábito de refletir e de entrar em contato com você mesma(o). Você tem respeitado a sua maneira de resolver as coisas? Como você está se sentindo em meio a tudo isso? Você consegue pedir ajuda se precisar?
Deixar tudo para trás e se aventurar em outro país nos leva para dentro de um emaranhado burocrático e emocional. Olhar para dentro de si, nesse processo, ajuda a trilhar um caminho do seu jeito, sem pressão, evitando que você se perca. Sob essa perspectiva mais amorosa, a migração também pode te proporcionar uma gratificante viagem de autoconhecimento.
Clica aqui pra ouvir o episódio “Esperanças e Expectativas no Processo Migratório”.
*Por Cris Oliveira