Migração faz história – Museu Deutsche Auswandererhaus

O Deutsche Auswandererhaus é um museu localizado na cidade de Bremerhaven, no norte da Alemanha, dedicado exclusivamente à história da emigração e imigração alemã. Apesar de não ser o único museu com esta temática no mundo, a sua peculiaridade está na riqueza de detalhes e na forma como se mantém em sintonia com os debates atuais sobre esse assunto.

O Auswanderhaus (que significa Casa do Emigrante) está localizado em um antigo porto que, a partir do ano 1683, foi o ponto de partida de mais de 7 milhões de emigrantes que se aventuravam no “Novo Mundo”, com a esperança de uma vida mais promissora. No museu, o visitante é convidado a participar de uma encenação rica em detalhes que o leva a acompanhar a trajetória de pessoas que partiram, exatamente daquele lugar, para destinos diversos, como Estados Unidos, Argentina, Brasil, entre outros.

As histórias reais das famílias migrantes escolhidas pelo museu dão conta de transmitir 300 anos de migração alemã de forma emocionante e elucidativa. A intenção do museu é informar e despertar a empatia dos visitantes sobre os diferentes motivos que levaram – e ainda levam – as pessoas a deixarem seus países de origem em busca de uma vida melhor em algum lugar distante.

No Auswanderehaus é também possível fazer uma extensa busca na sua própria história familiar de migração. Através disso, muitas pessoas acabam descobrindo suas origens e fatos inusitados sobre suas famílias. Além da viagem histórica que se faz no Auswandererhaus e das diversas exposições que se pode ver por lá, o museu ainda tem diversos projetos com a temática da migração. Tudo sempre com um olhar sensível para a migração dentro e fora da Alemanha.

Um bom exemplo é o Studio Migration, ou Estúdio Migração, cujo objetivo é animar os visitantes a entrarem em um estúdio e participarem de uma conversa sobre suas impressões acerca do museu e do que está acontecendo de atual em relação ao tema no país e no mundo. Os participantes podem também contar suas histórias de migração e, com isso, ajudam a criar um extenso arquivo oral para as próximas gerações.

Visitar o Auswandererhaus é um excelente programa para se fazer em família, aprendendo e se emocionando com as histórias de migração de quem, um dia, apostou tudo na esperança de uma vida melhor longe das certezas do conhecido. Desde o dia 8 de maio de 2002 ele está reaberto ao público, mas, como está seguindo um protocolo rígido para garantir a segurança dos visitantes, antes de ir, é melhor se certificar sobre os horários de funcionamento e possibilidades de visita guiada no site.

Para quem prefere ainda ter cautela e não frequentar lugares com muitas pessoas, vale a pena conferir as ofertas digitais do museu e o canal deles no Youtube. Tours virtuais, textos e muito mais sobre o  Auswandererhaus podem ser encontrados no site do museu, que também está disponível em língua inglesa.

SITE DO DEUTSCHE AUSWANDERERHAUS: https://dah-bremerhaven.de/news/

CANAL NO YOUTUBE: https://www.youtube.com/channel/UCquw6xwYTQBx2FXfeITOtSg

INSTAGRAM: https://www.instagram.com/deutsches.auswandererhaus/

Foto: Wikipedia

Português X Espanhol: Falsos Amigos

Não há dúvidas de que há muita proximidade entre os idiomas português e espanhol e que isso ajuda muito na comunicação entre pessoas nativas destas duas línguas. Elas são tão ligadas que, em algumas situações, é muito possível até mesmo duas pessoas conversarem, uma falando em espanhol e a outra em português.

No entanto, tamanha semelhança pode nos levar a cair em algumas armadilhas do famigerado “portunhol”. Uma dica boa é prestar atenção aos falsos amigos (ou falsos cognatos), que são aquelas palavras iguais (ou muito parecidas) em sua escrita e/ou pronúncia, mas com significados totalmente diferentes.

Não importa se você vai para morar ou só de visita, separamos alguns exemplos de falsos amigos que vão te ajudar a não entrar numa saia justa ao chegar na Espanha ou outro país nativo do idioma castelhano.

No restaurante, preste muita atenção: “un vaso” é um copo, “una copa” é uma taça e “una taza” é uma xícara! Confuso, né? Imagina a cara da garçonete caso você peça uma “taza” de vinho? Vai achar, no mínimo, estranho alguém curtir beber um vinhozinho na xícara.

Ah! Se você gosta de batata frita, lembre-se de pedir “patatas fritas”. Batata, pelo menos na Espanha, é a nossa batata doce.

Outro exemplo clássico e que causa muita confusão são as palavras “pronto” e “luego”. Em espanhol, pronto significa cedo e não tem nada a ver com o nosso “pronto” em português. Se você quer dizer, em espanhol, que uma coisa está pronta, você deve dizer que “está lista”. Já o “luego” tem sentido oposto ao nosso “logo”. Em espanhol, “luego”, significa depois, mais tarde. Portanto, se você precisa que algo seja feito logo, pedir para “luego” pode lhe atrasar um bocado.

A palavra “grasa” tem a pronúncia igual a “graça”, mas, é claro, seus significados são completamente diferentes. A palavra espanhola significa gordura, oleosidade! Chamar alguém de “engraçado”, num país hispanofalante, é o mesmo que dizer que essa pessoa está toda engordurada. Desagradável, né?

E essa lista não para de crescer! Olha aqui mais alguns exemplos de palavras em espanhol que são super parecidas (ou iguais) em português, mas que significam outra coisa:

  • Cachorro = filhote
  • Balcón = varanda
  • Camarero/Camarera = garçom/garçonete
  • Bolsa = sacola
  • Bolso = bolsa
  • Escoba = vassoura
  • Guitarra = violão

Você já passou por alguma situação inusitada por recorrer ao portunhol e acabar usando uma palavra nada ver com o contexto da conversa? Conta para a gente! Vamos adorar conhecer mais da sua história.

Gostou do tema e quer saber mais? A Comissão Europeia lançou uma lista enorme de falsos amigos e vale a pena dar uma olhada!

https://ec.europa.eu/translation/portuguese/magazine/documents/folha47_lista_pt.pdf

*Imagens: Pixabay e Canva.

A trajetória profissional na migração

Você, que sempre acompanha o Continuidade, escuta o tempo todo que eu sou “a professora, educadora e linguista” Cris Oliveira. Essa repetição tem um valor simbólico muito significativo para mim. É que nós, migrantes, muitas vezes, temos de percorrer um caminho bem mais longo do que as pessoas locais para chegarmos ao mesmo patamar profissional.

Nossas trajetórias raramente são linhas retas. Por um lado, isso pode ser muito interessante e nos levar a lugares antes inimagináveis para nós, mas também pode trazer consigo muitas dificuldades, decepções e retrocessos.

Calma, não precisa se desesperar! Uma forma de lidar com as bolas cruzadas que a migração nos lança, principalmente no que diz respeito às nossas trajetórias profissionais, é nos fortalecendo emocionalmente, prestando atenção aos processos psicológicos comuns da migração para sabermos selecionar que estratégias fazem mais sentido para cada situação enfrentada.

Assim, podemos decidir com mais segurança, a depender da situação que estamos vivendo, se devemos fazer um novo curso, procurar mais informações, nos organizar melhor, desviar de caminho completamente ou, simplesmente, manter a calma, respirar fundo e persistir no mesmo objetivo.

Continuidade Indica: Mães Mundo Afora

Mães_Mundo_Afora

Domingo passado, 10 de maio, foi comemorado o dia das mães em diversos países do mundo, incluindo o Brasil. Nesse dia especial, entrevistamos Carol Medeiros, uma mãe brasileira que vive há 3 anos na Holanda, descobrindo os desafios e as delícias de ser uma mãe migrante. Carol nos contou, entre muitas outras coisas, sobre a experiência de educar uma brasileirinha longe de seu país. Para ela, o melhor e o pior dessa experiência residem no mesmo fato: criar sua filha longe de suas próprias referências.

Oferecer uma educação multicultural para os nossos filhos pode ser delicioso, mas, em alguns momentos, isso também pode significar uma vivência muito solitária para uma mãe expatriada. Viver em um país estrangeiro, sem contar com as experiências compartilhadas com outras pessoas que entendem de que lugar estamos falando, pode gerar uma sensação de alienação e sofrimento. Foi exatamente por isso que Carol, junto com duas outras mães empreendedoras – a jornalista Maila-Kaarina Rantanen e a administradora Carol Rodrigues – fundou a plataforma Mães Mundo Afora.

A missão do Mães Mundo Afora é “construir coletivamente um espaço aberto e estimulante de informação, formação, conscientização e troca de experiências entre mulheres que vivem no exterior, no intuito de criar uma rede virtual de apoio, acolhida e empoderamento feminino”. Construir pontes é um dos objetivos do Continuidade e, por isso, nos identificamos tanto com esse projeto.

No site do Mães Mundo Afora você vai encontrar textos inspiradores, escritos por mais de 50 mulheres brasileiras em diversas partes do mundo, que abordam temas como o ensino do português como língua de herança, a manutenção das raízes brasileiras sob a perspectiva da maternidade e os desafios da maternidade de mulheres brasileiras pelo mundo.


Vão lá conferir essa iniciativa maravilhosa!

https://www.maesmundoafora.com/

Sigam o Mães Mundo Afora no Instagram:

https://www.instagram.com/maes.mundo.afora/

Histórias de Migração: Flora Regis Campe

Oi, eu sou Flora. Sou soteropolitana, psicóloga e apaixonada pela busca incessante de compreender o olhar do outro e a sua forma de construir a realidade. Já morei em diversos estados do Brasil antes de decidir sair dele, ou seja, a migração já fazia parte de minha vida antes mesmo de eu, de fato, emigrar.

Aos 17 anos, voltei a viver na capital baiana, almejando entrar para a universidade de psicologia e, ali, firmar pouso para o resto da vida (bem dramática). Já na Universidade, no ano de 2001, eis que um estudante alemão aparece na minha vida e me faz mudar de opinião em relação a criar raízes em Salvador. Com isso, me deixei levar para Bremen, cidade dos Saltimbancos, no norte da Alemanha.

Morando em solo alemão desde 2004, fui em busca de reconhecer meu diploma de psicóloga. Foram 4 anos de muitas dúvidas e noites de estudo numa língua completamente nova. Eu, pessoa tímida, um pouco insegura e muito observadora, fui, passo a passo, sem pressa, passando nas provas orais de final de curso e aumentando minha autoestima de psicóloga migrante no país das grandes cabeças da psicologia ocidental.

Acabei me tornando mestra em psicologia, especializada nos efeitos psicossociais da migração. Fui trabalhar na área de assistência familiar, utilizando todo o meu conhecimento para empoderar pais e filhos nos seus desafios de educar e se tornarem independentes.

A psicologia clinica sempre foi a minha grande paixão. É no consultório e nos trabalhos de grupo, empoderando migrantes e alemães, que eu me realizo plenamente em minha missão de vida.

E o Continuidade Podcast? Nas minhas caminhadas diárias, amava ouvir um podcast muito especial e veio daí a ideia de começar a produzir o meu próprio conteúdo na podosfera. Ser encorajada por minha parceira de muitas aventuras reflexivas foi essencial para sair da zona de conforto e me mostrar, com todas as minhas imperfeições.

Ah, como é desafiador falar de mim mesma (muitas vezes com o português defasado), mostrar a cara! Mas aqui estamos nós, nos motivando mutuamente, sendo apoiadas por outras grandes amigas e amigos, errando algumas vezes, mas aprendendo sempre.


Eu sou Flora e essa é a minha história de migração. Qual é a sua?

Histórias de Migração: Cris Oliveira

Oi, eu sou Cris. Nasci em Salvador e minha história de migração começou muito antes de eu ter consciência de que eu já estava sonhando em me aventurar pelo mundo. Desde criança, sempre fui fascinada por línguas estrangeiras. Mesmo sem entender nada, adorava ouvir, tentar decifrar palavras desconhecidas, repetir as expressões mentalmente. Aos 10 anos, comecei a aprender inglês e, quando via fotos das cidades americanas nos livros, ficava imaginando que eu estava passeando por lá.

O tempo foi passando e eu comecei a fazer planos mais concretos para descobrir aqueles lugares que, até então, só via nos livros. Queria conhecer os 5 “boroughs” de Nova Iorque, ver a ponte de Londres, poder contar minhas próprias histórias de aeroportos, ter amigos espalhados pelo mundo e contar anedotas que terminavam em risos por causa de confusões linguísticas.

O tempo foi passando e eu comecei a fazer planos mais concretos para descobrir aqueles lugares que, até então, só via nos livros. Resolvi, então, organizar um intercâmbio para quando terminasse a faculdade de Letras, mas, antes de concretizar esses planos, acabei conhecendo um polonês-alemão que me fez mudar o destino de minha viagem. Fui parar em Bremen, na Alemanha, uma cidade sobre a qual não sabia muita coisa. Mal sabia eu que estava iniciando a minha mais importante viagem. A viagem para dentro de mim mesma, onde eu aprenderia a me perceber de forma diferente, a me reinventar várias vezes e, com isso, me tornar uma versão mais segura de mim.

Hoje, sou professora de adolescentes que acabaram de chegar de vários lugares do mundo e, através de seus olhares, acabo revisitando minha própria história de imigração continuamente.

O Continuidade Podcast me ajuda a organizar minhas reflexões a estabelecer contato com outras pessoas e a descobrir outras partes de mim.

Eu sou Cris Oliveira e essa é a minha história de migração. Qual é a sua?

Continuidade

Muito bem-vindos ao Continuidade Podcast. Este é um espaço para falarmos sobre migração, educação, autoconhecimento e desenvolvimento pessoal. É um podcast para refletir e debater sobre os processos de migração e tudo que ele movimenta em nós, na nossa comunidade e no mundo.  

Quer saber o que a migração faz conosco e com você? Então venha participar deste papo semanal com Flora Régis Campe e Cris Oliveira.

Quem vos fala:

Cris Oliveira

Cris Oliveira é linguista, professora de alemão e inglês e  educadora inclusiva. Baiana de Salvador, vive em Bremen na Alemanha desde 2002. Coordena um curso de alfabetização para jovens refugiados em uma escola de ensino médio. É apaixonada por cerveja, então sabe que veio parar no país certo. Nas horas vagas escreve alguns devaneios para o blog A Saltimbanca.

Flora Regis Campe

Flora Regis Campe é psicóloga com especialidade em Terapia sistêmica. Desde 2004, quando passou a morar na Alemanha, se ocupa com os efeitos da migração para a saúde mental e emocional de imigrantes e suas famílias. Nascida em Salvador-BA é apaixonada por cuscuz e leitora ávida de biografias. Tão apaixonada por podcasts que resolveu fazer o próprio. Atende em um consultório particular em Bremen.

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