Escutamos com frequência o termo Saúde mental (SM), mas o que ela é de fato? É um conceito que abrange o nosso bem-estar subjetivo, a percepção de ser capaz de realizar as nossas atividades com autonomia e sentir realização no nosso potencial intelectual e emocional (OMS, 2001). Nada simples, não é? Isso quer dizer que, para a gente se sentir bem, temos que olhar e cuidar de muitos conteúdos nossos.
A Saúde Mental é tão importante que a Organização Mundial da Saúde (aquela organização que orienta o mundo inteiro sobre como preservar e cuidar da saúde dos seus cidadãos), nos diz que “a saúde mental, a saúde física e a social são fios da vida estreitamente entrelaçados e profundamente interdependentes” (Relatório da SM, 2001). Ela ainda dedicou este mês de setembro como um período importante de divulgação de informações e sensibilização sobre a SM.
E como a nossa saúde mental é constituída? Você vai cair da cadeira ao ver quantos elementos influenciam a nossa forma de ver e sentir o mundo! Novamente, vamos chamar alguém bem gabaritado para nos ajudar: a Organização Panamericana de Saúde (OPAS).
“Os determinantes da saúde mental e transtornos mentais incluem não apenas atributos individuais, como a capacidade de administrar os pensamentos, as emoções, os comportamentos e as interações com os outros, mas também os fatores sociais, culturais, econômicos, políticos e ambientais, como as políticas nacionais, a proteção social, padrões de vida, as condições de trabalho e o apoio comunitário.”
Organização Panamericana de Saúde (OPAS)
Acredito que você, lendo aí, pensou nos últimos acontecimentos estressantes que tivemos: pandemia, políticas controversas, situações de discriminação e racismo, de insegurança, e muitas outras situações.
O importante, desafiador e, talvez possamos dizer, o mais bonito dessa história toda é que cada um precisará (re)conhecer como a sua própria Saúde Mental funciona: quais os gatilhos para ela não andar bem, quais os cuidados que funcionam para cada um e quais os sinais de que as coisas estão indo bem ou não. Por exemplo, quando percebemos que estamos desatentos, não dormindo bem, irritados demais, sentindo mais ou menos apetite, o quanto estamos disponíveis ou não para contatos interpessoais, como anda a nossa motivação nas nossas atividades e como estamos nos cuidando.
Tudo isso pode ganhar uma complexidade ainda maior na migração, quando não dispomos de forma tão acessível dos recursos que conhecíamos e tínhamos segurança, como a rede de apoio e a confiança na própria identidade, que estão sendo reconstruídos no novo lugar de moradia. Desta forma, a migração pode ser um fator que pode impactar negativamente a SM, uma vez que traz novos desafios em um novo terreno, onde estamos nos reconhecendo (quem sou e quais recursos trago comigo?).
Neste percurso, podemos levantar alguns pontos importantes:
- O refinamento a cada dia do autoconhecimento, para saber a sua forma e o seu tempo de construir a sua história de migração;
- A identificação do que me faz bem ou não (e isso pode partir da observação de coisas muito simples no dia a dia);
- A busca de conexões com aspectos importantes para cada um na nova terra. Por exemplo, os valores de vida e as atividades que são essenciais ou prazerosos para que, “enquanto o amanhã não vem” (seja na língua, com novos amigos, nonovo trabalho), exista muita vida – prática e emocional – acontecendo;
- A construção de limites para se preservar, por exemplo, na comunicação com as pessoas próximas e no quanto aceita de fato fazer ou não algo;
- O reconhecimento e construção de uma boa rede de suporte, descobrindo com quem contar e em qual momento;
- Psicoterapia, contando com ajuda de um profissional para falar e cuidar do que dói,
- Grupos de suporte, com outras pessoas que estão passando pela mesma situação, como grupos de pais, de pessoas que tem o mesmo diagnóstico, de leituras, dentre outros.
- Práticas de meditação, que buscam conectar com o “aqui e agora”, participando do reconhecimento do próprio corpo, da respiração e por aí vai.
- Acesso a conteúdo construtivos, como, por exemplo, cursos, estudos sobre comunicação não violenta, relatos de outras pessoas, vídeos e podcasts de seu interesse.
- E muitas outras estratégias que você pode descobrir!
Lembre-se que não precisamos resolver tudo, muito menos caminhar sozinhos. Bons cuidados aí!
Continue nos acompanhando, que, neste mês, iremos publicar alguns conteúdos sobre esta temática.
Por Daniele Stivanin
Referencias:
ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE . Relatório sobre a saúde no mundo 2001: Saúde mental: nova concepção, nova esperança. Genebra: OPAS/OMS, p.1-16, 2001.
https://www.paho.org/pt/topics
Foto de destaque: joseba_p_flickr