Histórias de Migração: Karina Nery

Oi, eu sou Karina e acho que a minha vontade de morar fora sempre existiu ou, pelo menos, desde quando fui intercambista na Califórnia, aos 15 anos, e ouvi minha avó me falar, depois da minha high school graduation, para casar com meu namorado/vizinho e ficar por lá mesmo! Mas um terremoto nos levou de volta ao Brasil mais cedo.

Anos depois, comecei a ensinar inglês como hobby, mas terminei me apaixonando por ser teacher! Quando se ensina línguas, acredito que o mundo se abre mais ainda. Você passa a ter contato com a cultura de outros países, sem falar nas novas amizades com pessoas viajadas. Junte a isso o fato de eu gostar muito de filmes, séries e músicas em inglês. Minha cabeça estava sempre em outros mundos.

Quando contei aos meus pais, a minha irmã e até ao meu chefe que estávamos no processo de morar fora, eles foram unânimes em dizer coisas do tipo “sempre achei que fosse você quem ia morar em outro país e não sua irmã” (que já mora há mais de 10 anos na Alemanha), “já não era sem tempo”, “é sua cara mesmo”.

Claro que todos sentiram um misto de felicidade e tristeza, mas isso fica para uma outra história. Essa aqui se mistura com outra, e conta que meu marido, companheiro de mais de 20 anos, não teve a chance de fazer intercâmbio aos 15, como eu, e foi ter sua experiência depois de casado na Nova Zelândia. Na verdade, essa foi nossa primeira tentativa de migrar.

A ideia era ele ir na frente, fazer um curso para aprimorar seu inglês, conseguir um emprego na área de TI (que é área de demanda em muitos países), trocar o visto de estudante por um de trabalho e dar o OK para eu ir atrás, levando meu mais velho, que na época tinha uns 11 anos. Simples assim e perfeito, não?

Só que não deu certo. Eu acredito que fomos ingênuos demais ao basear nossos planos apenas na experiência de alguém, acompanhando sua história através de um blog. Também porque acredito ter sido um desejo mais dele do que meu. Eu estava em outro momento de vida, assumindo um cargo importante, além de ficar preocupada com a adaptação do meu mais velho e de afastá-lo do seu pai. Todas essas coisas se embrulhavam dentro de mim. Resultado? Plano B: um mês viajando pela Nova Zelândia em lua-de-mel e retorno para o Brasil. Já de volta, mudamos totalmente nossos planos e passamos a falar em fazer uma cerimônia de casamento e um filho. Não necessariamente nessa ordem.

Depois de cumpridos os planos do retorno e nosso filho já com 4 anos, voltamos a falar sobre migração. Talvez inspirados em mais um casal de amigos que estava se preparando para deixar o país. Talvez pela situação de insegurança em que vivíamos. Talvez porque estávamos mais maduros. Só sei que, dessa vez, algo muito forte clicou em mim e quem saiu pesquisando, planilhando e se esforçando para juntar até o último centavo fui eu!

Não escolhemos a Alemanha, ela nos escolheu. Como disse, a minha irmã já morava há mais de 10 anos aqui. Quando meu cunhado soube do nosso plano de morar fora e que podia ser no outro lado do mundo, na Nova Zelândia, ou no lugar mais frio do mundo, no Canadá, me disse: “então venham logo pra cá! Pense bem, o outro lado do mundo significa que sua mãe vai ter de escolher entre visitar você ou a sua irmã. Você não vai querer fazer isso com ela, não é?”

Na verdade, percebi que eles ficaram muito felizes com a ideia de ter mais alguém da família por perto e ofereceram a casa deles até a gente se estabelecer, além de todo o suporte necessário. Assim é bem mais tranquilo, não é mesmo?

Eu nem consegui dormir mais direito porque a conversa fluiu de uma forma tão rápida e as coisas foram, ligeiramente, se encaixando. Tanto que, no outro dia, meu cunhado voltou para casa trazendo informações oficiais do site do governo. Nesse mesmo momento, começamos a discutir salários e custos de vida e, então, ele me levou pra conhecer o apartamento do seu irmão para eu ter uma ideia de outras possibilidades de moradia, também pra conversar e ouvir outras opiniões.

Na volta, volta liguei logo para o meu marido:

– Esquece o frio do Canadá e a distância da Nova Zelândia, eu já estou vendo apartamento pra gente morar aqui na Alemanha!

– Calma, vem pra cá que a gente conversa.

– Ah… Não tem nem o que pensar!

– Claro que tem! Tenho que pensar em um fato muito simples: a língua alemã é considerada por muitos uma das mais difíceis do mundo!

Mas, segundo meu cunhado, esse nosso desafio é comparável a passar -50°C de frio no Canadá ou a morar lá onde o vento faz a curva. Eu voltei pro Brasil (mas acho que, por mim, já ficava esperando meu marido e a mudança) e a gente conversou bastante, fizemos várias listinhas de prós e contras e começamos a gincana dos documentos, do desapego, das despedidas.

Eu sou Karina Nery e esta é a minha história de migração. Qual é a sua?

Continuidade Indica: Nada Ortodoxa

Migração, Feminismo e Religião são alguns dos temas sobre os quais podemos discutir a partir da minissérie Nada Ortodoxa. Para começar, vamos fazer uma contextualização, com um breve resumo da história. Esther (Shira Haas) é uma jovem de 19 anos, judia ultra ortodoxa, que vive na cidade de Nova Iorque. Para fugir de um casamento arranjado, ela foge para Berlim, na Alemanha, em busca de uma nova vida para além dos valores religiosos que regem a comunidade em que nasceu.

A minissérie original da Netflix é baseada em fatos reais. A história, contada em quatro episódios de, aproximadamente, 50 minutos, é uma adaptação do livro autobiográfico “Unorthodox: The Scandalous Rejection of My Hasidic Roots”, lançado em 2012 pela autora Deborah Feldman.

Nada Ortodoxa trata de uma migração ligada ao desejo de liberdade, em que a personagem principal rompe com a sua família, sua cultura, e parte para o outro lado do Oceano Atlântico em busca de uma vida melhor. O feminismo grita por todos os lados nessa história, já que Esther, ao fugir de casa e do seu casamento, desconstrói o seu estereotipado papel feminino, que, dentro daquela sociedade organizada em torno de valores religiosos bastante concretos, seria de esposa zelosa e mãe dedicada.

Trailer Oficial / Netflix

Segundo a revista Rolling Stone (e nós concordamos!), além de uma aula sobre a cultura judaica e da temática ligada à emancipação feminina, um dos motivos pelos quais Nada Ortodoxa é uma série muito bem recomendada é pela sua variedade de idiomas.  Além do inglês e do alemão, boa parte da história é falada em ídiche, um idioma derivado das línguas  germânicas e adotada por comunidades judaicas.

A fotografia da série também é um caso de amor à parte. As imagens são lindas e os ângulos muito bem explorados. O elenco da série tem perfil multicultural, com atores de nacionalidades diferentes e a atuação está de parabéns!

A história de Esther é inspiradora e achamos que é uma ótima dica para quem está buscando um bom conteúdo para assistir na Netflix. Mas não esquece o lencinho porque é de se emocionar, viu?

Assista e depois volte aqui pra nos contar o que achou!

*Por Lali Souza

Fontes:
Rolling Stone
Netflix
Adoro Cinema

25 de junho: Dia do Imigrante no Brasil

Que a migração é parte fundamental da história dos povos pelo mundo, não é novidade alguma. E, por sermos essa mistura de gentes e culturas, é tão importante reconhecer o papel dos imigrantes na construção das nações, além de compreender o que os levou até ali.

No dia 25 de junho, é celebrado o Dia do Imigrante no Brasil. Agora que você já sabe o que é um imigrante, resolvemos deixar aqui a nossa homenagem e, também, compartilhar um pouco de conhecimento do por que essa data existe e o que ela significa.

O decreto que determina o dia 25 de junho como o Dia do Imigrante foi emitido pela Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo e publicado no ano de 1957. A data foi escolhida para coincidir com o fim das celebrações da semana da Imigração Japonesa (iniciada no dia 18 de junho). O objetivo da data comemorativa é prestar uma homenagem àquelas pessoas que deixaram para trás o seu lugar de origem, suas famílias e amigos, em busca de uma nova vida em outro país.

O Brasil, ao longo de sua história, acolheu imigrantes de diversos lugares do mundo, seja através de migração voluntária ou não, como foi o caso dos imigrantes africanos que foram levados à força para trabalhar como escravos em terras brasileiras. De uma forma ou de outras, essas pessoas ajudaram a construir o que somos e são parte da nossa vida, da nossa cultura.

Sabemos que o ato de imigrar requer muita coragem e que, nem sempre (ou quase nunca), este é um processo fácil. Por isso, desejamos que o Dia do Imigrante seja uma oportunidade de refletirmos sobre a nossa história, sobre o que nos trouxe até aqui, através de uma homenagem não somente àqueles que chegaram ao Brasil, mas também a nós, brasileiros e brasileiras, que acolhemos essas pessoas em nosso lar.

Fontes:

Arquivo Nacional – Ministério da Jutiça

Calendarr Brasil

*Por Lali Souza

Brasil diferentão

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“O brasileiro precisa ser estudado”. Todo mundo, alguma vez na vida, já ouviu essa expressão. A verdade é que todas as culturas têm suas singularidades. São aquelas “coisinhas” bem típicas e que dão uma sensação gostosa de pertencimento. É o nosso jeitinho.

Sabemos, não é exatamente essa a intenção mais usada para falar de “jeitinho brasileiro”, mas, nesse post, vamos ressignificar essa expressão, ok? Aqui, vamos tratar esse “jeitinho” como aqueles hábitos corriqueiros da nossa gente, aquilo que é típico da nossa cultura em geral.

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Uma coisa comum no Brasil pode causar muito estranhamento para pessoas de outras nacionalidades. Um exemplo? Somos conhecidos (e até nos orgulhamos, né?) pelo nosso calor humano. Abraços e beijos são parte da nossa demonstração de afeto e não vemos nada demais em dar aquele abração numa pessoa que acabamos de conhecer. No entanto, há culturas em que o toque é algo bastante pessoal e esse nosso calor pode ser visto como uma invasão de privacidade, então, cuidado! Não saia por aí distribuindo abraços se você não tem certeza de que a outra pessoa está no mesmo clima.

“A gente se encontra sete e meia, oito horas”. É assim que você costuma marcar um horário para encontrar a galera? Pois saiba que, em muitos países, isso não faz o menor sentido. Como assim um intervalo de MEIA HORA no agendamento? Em muitas culturas, a pontualidade é sinal claro de boa educação e nem todo mundo está acostumado aos atrasos que consideramos perdoáveis. Se uma festa está marcada para às 20:00h, o anfitrião espera que você chegue no horário certinho.

atrasado_continuidade podcast

Ah! E não diga “vamos marcar” se você, de fato, não quiser agendar um compromisso com a outra pessoa, viu? Ela pode levar muito a sério esse “vamos” e ficar até ofendida caso você, simplesmente, suma depois. Na semana passada, nossa entrevistada, a Dra. Uju Anya, nos contou uma história que mostrou bem como outras culturas levam a sério esses convites. Clica aqui pra ouvir!

Nos bares brasileiros, ainda é comum aquela mesa cheia de gente e uma garrafa de 600ml no meio para todo mundo compartilhar. Um clássico? Nem sempre! Esse é um costume bem nosso mesmo, mas, em outros lugares, o “normal” é cada um pedir o seu copo (chopp) ou longneck. O brinde é coletivo, já a cerveja… É cada um no seu quadrado.

Desde criança, aprendemos sobre a importância da higiene bucal e, por isso, é a nossa cara levar escova e pasta para escovar os dentes no banheiro do trabalho depois do almoço. Esse é outro hábito que muitos gringos não entendem. O mesmo vale para tomar banho todos os dias, às vezes mais de um.

Como esses, muitos outros hábitos brasileiros são vistos como “diferentões” mundo afora. Além de render boas risadas, essa reflexão é importante para entendermos que, o que é comum para nós, pode ser estranho – e até mesmo rude – numa outra cultura. Se você mora em outro país, é muito bom manter vivas as suas raízes, mas também ter atenção ao que, naquele lugar, são valores fundamentais.

Lembre-se: adaptar-se com respeito não significa aculturação. E viva a multiculturalidade!

Imagens:
David Peterson / Pixabay
Stock Snap / Pixabay
Public Domain Pictures / Pixabay


Continuidade Indica: Pessoas Negras Produtoras de Conteúdo

continuidade antirracista

O último episódio do Continuidade Podcast trouxe uma entrevista fantástica com a Dra. Uju Anya. Inspiradas no papo enriquecedor que tivemos com essa mulher negra, pesquisadora, professora, mãe, feminista (como ela mesma de descreve) e também na tão necessária luta antirracista que vivemos cotidianamente, decidimos dedicar o post de hoje a perfis e blogs de criadores negros.

Nosso objetivo não é dar voz, porque essas pessoas são donas de vozes poderosíssimas, mas ceder o nosso espaço para fazer eco ao que elas têm a dizer e, com isso, compartilhar conhecimento. Nos unimos ao movimento de fazer ressoar vozes negras, pois, como disse Angela Davis “numa sociedade racista, não ser racista não é o bastante. Temos que ser antirracistas”.

Uju Anya

Começamos com a nossa entrevistada da semana no podcast: Uju Anya. Uju é professora universitária e atua, principalmente, na área de linguística aplicada crítica e pedagogia equitativa. É antirracista e feminista. Clique aqui para comprar o seu livro “Racialized Identities in Second Language Learning. Speaking Blackness in Brazil” ou clique aqui para ir até o perfil de Uju no Twitter.

Djamila Ribeiro

Filósofa, feminista negra, escritora e acadêmica brasileira. Esse é o resumo do currículo de Djamila Ribeiro, uma das vozes mais ativas do feminismo negro no Brasil. É pesquisadora e mestra em Filosofia Política pela Universidade Federal de São Paulo. Super ativa nas redes sociais, atualmente também assina uma coluna no jornal Folha de São Paulo e na revista Elle Brasil. Clique aqui pra seguir Djamila no Instagram.

Maíra Azevedo (Tia Má)

María Azevedo, mais conhecida como Tia Má, é jornalista, humorista, palestrante e milita ativamente pelas causas antirracistas e feministas. Atualmente, também é parceira do programa de televisão Encontro com Fátima Bernardes. Nas redes sociais, Tia Má compartilha muita informação e vale a pena acompanhar o seu trabalho. Clica pra ver!

Blogueiras Negras

Blogueiras Negras é um coletivo formado por mulheres negras e afrodescendentes. Com as suas palavras, são “blogueiras com estórias de vida e campos de interesse diversos; reunidas em torno das questões da negritude, do feminismo e da produção de conteúdo”. Recomendamos muito a leitura do blog. Basta clicar aqui pra ir lá visitar.

Aline Djokic

Aline é poetisa e Mestre em Filologia e Língua Portuguesa pela Universidade de Hamburgo. É parte do time de colaboradoras do coletivo Blogueiras Negras e é autora do livro de poesias “Mitomaníaca”. O livro de Aline pode ser adquirido clicando aqui.

Série Olhos que Condenam

A série original Netflix conta o caso real de jovens negros condenados e presos por anos injustamente pelo estupro de uma mulher branca. Na Netflix, há também um documentário do caso, feito por Oprah Winfrey.

Nath Finanças

Nath é administradora e produz conteúdo sobre orientação financeira para públicos de baixa renda. Seu conteúdo é super educativo e útil para o dia a dia das pessoas. Clique aqui para seguir Nath lá no Instagram!

Cris Oliveira

Para fechar a nossa listinha, não poderíamos deixar de indicar o blog da nossa Cris Oliveira, também conhecida como A Saltimbanca. Como vocês já sabem, Cris é professora e linguista. Mulher negra, baiana, nordestina. No seu blog, fala sobre reflexões pessoais e, é claro, sobre as suas experiências como imigrante brasileira negra na Alemanha. Clique aqui para ler mais.

Indique perfis e blogs de pessoas negras para a gente aqui nos comentários!

*Imagem de destaque: Samir Basante V. por Pixabay.

Histórias de Migração: Lali Souza

Eu nasci numa família de raízes muito fortes ligadas ao seu lugar de origem. Meus pais são do recôncavo baiano, de uma cidade chamada Maragogipe, e, por muitos anos, esse foi o mais longe que cheguei da minha cidade natal, Salvador. No entanto, e contrariando essa nossa tradição familiar, o desejo de sair pelo mundo sempre foi muito presente em mim.

As tão sonhadas viagens entraram na minha vida somente no comecinho da idade adulta e, aos 20 anos, saí do Brasil pela primeira vez. Percebi que a vontade de ir mais além crescia e, em 2011, embarquei para um intercâmbio de 3 meses em Brighton, na Inglaterra.

Além de aprimorar o meu inglês, essa experiência serviu como um divisor de águas na minha vida, porque eu voltei para casa com uma certeza: queria sair outra vez. Durante anos vivi com a ideia fixa de ir morar na Inglaterra, talvez pelo apego nostálgico daquele intercâmbio que, seguramente, tinha sido a minha maior aventura até ali.

Depois de muita busca, decidi que o caminho para imigrar seria através do estudo e, numa visita despretensiosa a uma edição do Salão do Estudante, tive meu primeiro contato com um país que eu nunca tinha pensado sequer em visitar: Portugal. Descobri que a Universidade do Porto oferecia o curso de Mestrado que eu queria e cabia no meu orçamento. Naquele mesmo ano, 2016, embarquei para o Porto, onde morei por um ano e meio.

As dificuldades eram muitas e eu fui sobrevivendo como pude. Pela primeira vez, tive contato direto com a xenofobia. Ser falante de língua portuguesa, que eu pensava ser uma grande vantagem para arranjar trabalho, na verdade atrapalhou um pouco, pois o nosso sotaque brasileiro, muitas vezes, não é tão bem quisto assim por lá.

Apesar de não ter sido um mar de rosas, levo Portugal e o Porto no coração. Conheci pessoas incríveis, fui muito feliz e vivi uma experiência de autoconhecimento muito forte por lá. Voltei pra Salvador por uns meses, mas sabia que não seria para ficar.

Ao decidir voltar pra Europa, por que não arriscar outro lugar? Madri foi onde pousei para mais uma aventura e é a cidade que, hoje, eu chamo de lar. Eu já conhecia e gostava muito daqui, onde também tenho família, o que traz um aconchego todo especial. Por outro lado, eu também queria atrelar essa mudança à possibilidade de aprender um novo idioma.

Ainda sou uma imigrante “bebê”, com apenas 1 ano e 9 meses de vida madrileña. Sigo na luta para encontrar meu lugar ao sol e conquistar a tão sonhada estabilidade emocional (obrigada, Continuidade) e financeira, mas me sinto cheia de garra e esperança de, talvez, ter finalmente encontrado o meu lugar.

Porém, o futuro é muito incerto. Por isso, trago comigo a ideia de que a minha casa vai ser sempre onde eu me sinta feliz. O CEP é só um detalhe!

Nessas idas e vindas, a vida me apresentou Cris e Flora que, mais tarde, criaram o Continuidade. Hoje, tenho a alegria e o orgulho de fazer parte dessa família.

Eu sou Lali Souza e essa é a minha história de migração. Qual é a sua?

Português X Espanhol: Falsos Amigos

Não há dúvidas de que há muita proximidade entre os idiomas português e espanhol e que isso ajuda muito na comunicação entre pessoas nativas destas duas línguas. Elas são tão ligadas que, em algumas situações, é muito possível até mesmo duas pessoas conversarem, uma falando em espanhol e a outra em português.

No entanto, tamanha semelhança pode nos levar a cair em algumas armadilhas do famigerado “portunhol”. Uma dica boa é prestar atenção aos falsos amigos (ou falsos cognatos), que são aquelas palavras iguais (ou muito parecidas) em sua escrita e/ou pronúncia, mas com significados totalmente diferentes.

Não importa se você vai para morar ou só de visita, separamos alguns exemplos de falsos amigos que vão te ajudar a não entrar numa saia justa ao chegar na Espanha ou outro país nativo do idioma castelhano.

No restaurante, preste muita atenção: “un vaso” é um copo, “una copa” é uma taça e “una taza” é uma xícara! Confuso, né? Imagina a cara da garçonete caso você peça uma “taza” de vinho? Vai achar, no mínimo, estranho alguém curtir beber um vinhozinho na xícara.

Ah! Se você gosta de batata frita, lembre-se de pedir “patatas fritas”. Batata, pelo menos na Espanha, é a nossa batata doce.

Outro exemplo clássico e que causa muita confusão são as palavras “pronto” e “luego”. Em espanhol, pronto significa cedo e não tem nada a ver com o nosso “pronto” em português. Se você quer dizer, em espanhol, que uma coisa está pronta, você deve dizer que “está lista”. Já o “luego” tem sentido oposto ao nosso “logo”. Em espanhol, “luego”, significa depois, mais tarde. Portanto, se você precisa que algo seja feito logo, pedir para “luego” pode lhe atrasar um bocado.

A palavra “grasa” tem a pronúncia igual a “graça”, mas, é claro, seus significados são completamente diferentes. A palavra espanhola significa gordura, oleosidade! Chamar alguém de “engraçado”, num país hispanofalante, é o mesmo que dizer que essa pessoa está toda engordurada. Desagradável, né?

E essa lista não para de crescer! Olha aqui mais alguns exemplos de palavras em espanhol que são super parecidas (ou iguais) em português, mas que significam outra coisa:

  • Cachorro = filhote
  • Balcón = varanda
  • Camarero/Camarera = garçom/garçonete
  • Bolsa = sacola
  • Bolso = bolsa
  • Escoba = vassoura
  • Guitarra = violão

Você já passou por alguma situação inusitada por recorrer ao portunhol e acabar usando uma palavra nada ver com o contexto da conversa? Conta para a gente! Vamos adorar conhecer mais da sua história.

Gostou do tema e quer saber mais? A Comissão Europeia lançou uma lista enorme de falsos amigos e vale a pena dar uma olhada!

https://ec.europa.eu/translation/portuguese/magazine/documents/folha47_lista_pt.pdf

*Imagens: Pixabay e Canva.