
O nosso último episódio foi sobre a temática da depressão sazonal ou o chamado transtorno afetivo sazonal (Seasonal Affective Disorder – SAD, em inglês). E por que é relevante abordar este tema um tanto desconhecido? O que pode ser feito, se eu notar que eu ou uma pessoa próxima tem estes sintomas? Estas são algumas das informações que vamos abordar neste texto hoje.
A depressão sazonal é um conjunto de sintomas que podem ocorrer nos períodos de menor incidência de luz solar e menores temperaturas, como são os meses de outubro a março no hemisfério norte. Estes sintomas podem variar de intensidade e de frequência, configurando ou não um diagnóstico formal.
E quais seriam os sintomas mais comuns da depressão sazonal? Os relatos mais frequentes são de redução do nível de energia, com sensação de fadiga ou dificuldades em realizar a rotina normal; aumento de apetite, principalmente de carboidratos e alimentos doces; alteração do padrão do sono (como maior sonolência ao longo do dia ou dificuldades para iniciar o sono); rebaixamento das funções cerebrais, com problemas de pensamento, como dificuldades de concentração e lentificação no processamento de informações; problemas no humor, particularmente depressão ou sintomas depressivos, como pessimismo, sentimento de culpa, diminuição da auto estima, desespero e apatia. Também pode ser observada sintomas ansiosos e a diminuição da socialização, com irritabilidade ou diminuição do interesse em atividades que antes eram prazerosas.
O chamado “Winter Blues” é o rebaixamento ameno da motivação e do funcionamento geral, com os sintomas citados acima, mas mais brandos na frequência e intensidade que a depressão sazonal (SAD). O diagnóstico de SAD, por sua vez, pode ser realizado após três ou mais invernos consecutivos de sintomas. Pode acontecer em qualquer idade, mas principalmente com início entre 18 e 30 anos ou diante de uma mudança do local de onde mora, por exemplo, mudança para um país com menor incidência das horas de sol ao longo do dia.
Uma questão importante é observar como o seu corpo responde ao inverno e as reduzidas horas de sol. Eu me sinto mais cansado, mais lentificado nas minhas atividades corriqueiras, menos produtivo e mais irritado neste período? O quanto isso me afeta e traz prejuízos nas minhas atividades e relacionamentos? Estes são os nossos parâmetros para que possamos nos comparar e ficar atento para possivelmente pedir ajuda.
Diante dessa auto-observação, podemos conversar com profissionais da nossa confiança seja o médico ou psicólogo. Na consulta com o seu médico de família, ele pode, por exemplo, verificar o seu estado de saúde geral, realizar a dosagem da vitamina D e checar as queixas relacionadas a depressão sazonal, para possíveis encaminhamentos e uso de medicação.
No caso de confirmação de um diagnóstico, o tratamento pode envolver psicoterapia, medicação e estratégias de bem estar. E aqui vamos citar algumas delas:
- reconhecer estratégias que façam bem (e elas são pessoais e precisam ser customizadas por cada um!)
- cuidado com a alimentação e rotina;
- cuidado com a rotina de sono;
- tentar construir uma rotina de atividade, principalmente caminhadas em áreas externas e durante o dia;
- uso de ponto de luz em casa, como iluminar a sacada, ter velas nos cômodos, objetos coloridos e flores;
- uso da terapia de luz, conforme recomendação médica;
- práticas de meditação para auxiliar no maior contato com as reações corporais, respiração e com os sentimentos e forma de pensar;
- conhecimento de rituais e saberes do local de morada como rituais de St. Martin, tradições de mercados de Natal, atividades de inverno, decoração de outono e inverno em casa; Glühwein, chás de inverno. Podemos conversar com nativos ou com pessoas que vivem aqui há mais tempo, quais as atividades que as pessoas se engajam neste período;
- autoconhecimento e observar como está a sua vivência de imigração;
- buscar grupos de apoio em seus locais de morada
- procura de novas aprendizagens, como novos cursos.
Conhecer esse diagnóstico é importante para dar nome aos sintomas e sentimentos, para poder reconhecê-los e não gerar culpa e autocrítica exacerbada. Cabe lembrar que ter informação é cuidado e empoderamento! Sempre merecemos cuidado! Não é frescura ou fraqueza ou falta de fé. A nossa saúde mental é muito importante, não se esqueça disso e valorize!!
Quer saber mais? Escute o nosso episódio do podcast!
Por Daniele Stivanin